Ser MecânicoSer Mecânico: dezembro 2011

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O Lanterneiro



Onde estão os antigos "lanterneiros"?


Tratava-se de uma corrosão
perfurante onde não havia maneira
de tratamento da chapa
O remendo foi confeccionado a partir de uma
chapa lisa, retirada de um pano de porta
Notava-se que o som das marteladas
traziam extremo prazer ao profissional
E o mais impressionante é que não era
força utilizada, era o jeito com que se batia
na peça, que ia dando a forma ao remendo

O serviço, ou a "arte" melhor dizendo,
foi feita em um trilho de linha férrea,
utilizado como bigorna


Quase pronto a coisa só precisava de
um acabamento

Os últimos retoques foram
os mais intensos,
pois percebia-se a paciência
e o capricho para executar o serviço
Depois de pronto, bastava
fazer a substituição da área danificada
pelo remendo pronto

Em algumas regiões do país, conhecido como funileiro, chapista, não importa. O fato é que é cada vez mais escasso, o profissional da lataria. Pelo menos os bons.
O verdadeiro lanterneiro é aquele cara que não só desamassa uma chapa de uma peça ou simplesmente troca uma peça por outra. O bom lanterneiro mesmo é aquele que "faz" uma peça de uma chapa lisa. Molda na base do martelo e da bigorna.
Claro que não se desmerece aqueles que desenvolvem de um jeito mais prático e moderno , mas como um "romântico" da área automotiva, não posso deixar de admirar, os dotes daqueles que criam por puro talento.
Nessa matéria mostro o processo de criação de um remendo na base de uma porta, onde havia um dano por corrosão perfurante, o conhecido "podre" na chapa.
A peça foi moldada de uma chapa lisa, e a troca do remendo foi feita com um massarico oxi-acetilênico. E olha que houve época que não se trabalhava com acetileno. Usava-se pedras de carbureto na água.
No caso até se vende o remendo pronto no serviço descrito, mas o profissional alegou  o seguinte: "pô mas assim não tem graça". Ele poderia comprar o remendo pronto, cortar parte e fazer o reparo. Mas ele optou por moldar o mesmo. Só para ter o prazer da criação, só para mostrar o talento.
Destaque para a precisão
e o capricho do serviço
Para quem esteja pensando que esse profissional deva ser um "senhor" das antigas, daqueles bem cascudos, pode refazer seus conceitos pois o profissional trata-se de um jovem de 31 anos de idade, que começo de criança na oficina. A oficina é pequena e os recursos limitados, mas o serviço é de primeira. Vale a pena.


Por fim, o processo pronto.

Eram tempos em que o talento contava mais que a técnica. O amor era parâmetro para tomada de decisões. E são coisas que vêm se perdendo com o tempo.
Hoje é muito fácil cair nas mãos de picaretas, que se passam por profissionais qualificados. Mas ainda é possível encontrar aqui ou ali um profissional que entenda o quento você tem carinho pelo seu carro.
Então, fica a dica. Procure, mas procure mesmo, esse tal profissional. Porque quando você encontrar, vai valer a pena. E quando isso acontecer, valorize o mesmo, pois esse profissional nos dias de hoje é jóia cada vez mais rara.