Ser MecânicoSer Mecânico: julho 2011

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uno andou sem água


Problemas de cabeçote

são comuns mais comuns do que parecem.
Na oficina vemos cotidianamente casos de usuários e até motoristas experientes, que pela correria do dia-a-dia acabem deixando coisas básicas de lado. Claro que não era o caso desse serviço.
O foco dessa postagem é alertar aos novatos. Pessoas batalhadoras que conseguem comprar seu primeiro carrinho, e muitas das vezes é usado.
Pela falta de experiência e consequente ingenuidade, tais pessoas acabam caindo em algumas armadilhas que por uma ironia são armadas por eles mesmos.
É o caso desse serviço. Uma Uno - Fire, chega na oficina com mal funcionamento, oscilação de lenta e falta de torque. Ao examinar visualmente o motor notei que não existia aceleração satisfatória também. Retirada a vareta de óleo e a tampa, notava-se a presença da famosa "papa amarela" denunciando a presença de água no lubrificante. Abrindo a tampa do radiador, nenhuma surpresa. O mesmo estava vazio.
Questionei o proprietário com relação à manutenção preventiva como: água, óleo, etc...
O proprietário disse que não tinha o hábito de conferir, porque segundo um amigo, esse modelo acenderia uma luz de advertência para avisar qualquer anomalia.
Aí estava o problema. Existe sim uma luz de anomalia do sistema de arrefecimento desse modelo, porém a mesma falhou. Quando ele percebeu, já estava com a junta queimada.
Trocada a junta foi feita uma verificação do aplanamento da superfície do cabeçote. Notando que havia um excesso de "papa" também subindo pela tubulação do TBI, alertei quanto aos anéis de segmento, que já pareciam cansados, e por isso deixava todo aquele vapor de óleo com água escapar para dentro do cárter e consequentemente sujando o TBI, agravando ainda mais o problema, e por isso foi também trocado o conjunto de anéis de segmento. Não tinha a ver com o defeito em si, mas aproveitando o desmonte aconselhei o proprietário a troca. Tudo feito depois de montado, tudo certo. O motor funcionava feito uma pluma.




Fica a dica: Nunca, mas nunca mesmo confie na lampada de advertência do sistema de arrefecimento, principalmente quando não tiver ponteiro de temperatura. Quando a mesma chega a acender, é porque tá pegando tudo já. Isso quando a mesma não falha

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A borra de óleo



Um pálio fire, cujo sintoma era o seguinte: O proprietário reclamava da luz do óleo que acendia de quando em vez. Na marcha lenta tudo normal, mas após uma acelerada mais intensa acendia a luz do óleo e apagava pouco depois.
Um mecânico que anteriormente avaliara o carro desse cliente disse que era a bomba de óleo. Condenara sem ao menos abrir o capô do carro. Disse o seguinte: "Í... issé bomba chefe. Não tá jogando óleo. Deve ter riscado os casquilho, aí a gente aproveita e troca logo duma vez.". Indignado e surpreso, o proprietário do veículo indagou: "Mas como você sabe, se nem abriu o capô?". O profissional, que segundo o proprietário do veículo aparentava uns vinte e poucos anos disse: "São mais de quarenta ano de estrada, sabe como é né...". E curioso quando à situação, o proprietário então questiona quanto ao preço do serviço, e a figura com um cigarro no canto da boca, e mais graxa nas mãos do que em um aciofa de homocinética disse: "nóis troca bomba, casquilho mete um óleo aí... fica em quinhentos merréis". Foi o bastante para o simpático senhor.
A procura de uma segunda opinião, por meio de indicações, chega até nossa oficina. um tanto apreensivo  com a humildade de nosso estabelecimento, o senhor nos pergunta: "Você troca bomba e casquilho aqui?". Eu respondo: "Sim, quando necessário e diagnosticado naturalmente". O senhor resolveou então me explicar o que acontecera, então eu pedi para abrir o capô do veículo, e quando retirei a tampa do abastecimento de óleo, notei uma grossa camada de borra. Perguntei há quanto tempo ele não trocava o óleo do motor, e ele disse: "Eu mesmo nunca troquei, sempre completei mas nunca troquei".
Expliquei a ele então que nem sempre a bomba de óleo é a culpada pelo acendimento da lâmpada de advertência. Mostrei a ele que aquela borra comprometia a circulação do óleo e consequentemente acendimento da luz.
Ao retirar o cárter, veio a confirmação. Uma espessa camada de borra impedia a sucção do óleo por parte da bomba, trazendo ineficiência da mesma.
Expliquei a ele que não basta completar o óleo. A cada 10.000km é necessário a troca independente de condições.
Retirei o pescador da bomba, efetuei a limpeza do sistema com desengraxante e gasolina, troquei o filtro de óleo o interruptor (cebolinha). Montei toda a tralha e pronto... Resolvido o problema.
Quanto ao preço, foi cobrado R$100,00 de material e R$200,00 de mão de obra, totalizando R$300,00.
O cliente ficou satisfeito e essa semana trouxe o carro do irmão dele para uma revisão.... Eu amo a minha profissão.
A propósito, as bronzinas estavam perfeitas.


Obs: Além da falta da troca periódica de óleo, o tipo de óleo adequado para o modelo também fazem muita diferença na saúde do sistema. Uma coisa que poucos profissionais sabem é que a ausência da válvula termostática também contribui para a formação da borra de óleo, pelo fato de o motor demorar muito a chegar à temperatura ideal de trabalho (trabalha muito tempo frio), prejudicando toda a engenharia e a química do lubrificante.