Ser MecânicoSer Mecânico: agosto 2011

domingo, 28 de agosto de 2011

Aquele barulhinho na embreagem


Tratava-se de um Gol 2004/05. O cliente reclamava de um ruído peculiar que ocorria em determinadas situações, principalmente no acionamento da embreagem. Em determinados momentos inclusive sentia vibrações no pedal.
Algumas vezes, a experiência nos dá um certo conforto no momento de algumas afirmações. E é nesse momento que descobrimos que lembramos que nunca se sabe tudo. 
Eu trabalho juntamente com meu pai. Eletricista-mecânico de máquinas pesadas. Ele é de um tempo que o talento era tão importante quanto a técnica.
De cara eu condenei o conjunto de embreagem, mas precisamente o colar, que é a peça mais frágil e mais problemática do sistema. Surpreendentemente meu pai me contestou: "Ocê num sabe de nada. Isso é disco". Assim, curto e grosso. (Esse é o jeitão dele).
Claro que com muito respeito, eu retruquei e disse: "Pai, o colar de embreagem hoje em dia é muito problemático nesses carros...". Eu tinha comigo essa afirmação, pelo fato de a embreagem não ter baixado, por isso descartei a possibilidade de ser disco ou platô. Mas ele continuou firme. Insistia no disco.
Resmungando muito por ser contestado na frente dos clientes, dei inicio à remoção da caixa para execução do serviço.
Retirada a caixa, para minha surpresa, o colar não apresentava nenhum aspecto defeituoso. Nem folga na plataforma de contato nem ruído de movimento. A surpresa foi maior ainda quando removido o platô. Caiu na minha mão aquele disco de embreagem com uma das molas totalmente irregular.
Pois é! Uma das molas do amortecimento de torção do disco estava quebrada, gerando o ruído de "chocalho" e a respectiva vibração no pedal.
Fui obrigado a tirar o chapéu para o velho. E perguntei: "Mas como você sabia?" E o cara me respondeu: "Ah... isso, isso é o pulo do gato!".


Dica: Nunca subestime a experiência e o olhar perito de quem tem muitos anos de estrada. Não importa a formação.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O cabeçote

O cliente chega na oficina com sua Kombi refrigerada a ar e iz: "Tá fazendo um barulhinho ali". Ao pedir para colocar o motor em funcionamento, nos primeiros giros notei uma falha de cilindro vindo do lado direito.

 
O barulho era de batida de pino.
Tratando-se do tão conhecido motor refrigerado a ar da Volks, logo veio a voz da experiência, me dizendo que poderia ser vareta de tucho quebrada.






Ao retirar a tampa do cabeçote veio a surpresa: Válvula quebrada. Porém, A mesma não teve o comportamento típico de cair para dentro do cilindro e provocar perfuração do pistão, ou travamento do motor.



A danada se quebrou na cabeça, mas quebrou de um jeito que a mesma se encavalou dentro do guia. O pistão por sua vez, serviu como um "martelo", socando a válvula. A perfuração do cabeçote foi inevitável, e o mesmo ficou inutilizado.




Curiosamente, eu não havia verificado o nível do óleo, porém o mesmo estava correto. Investigando o histórico com o proprietário, veio a resposta. Esse motor havia sido feito em uma retífica de qualidade duvidosa.




Fica a dica: Se for reparador, tome muito cuidado com terceirização de serviços. Ao levar um motor, bloco, cabeçote ou o que seja para uma retífica, verifique o histórico com que já fez serviços lá. E o mesmo vale para quem é proprietário de veículo. Vale a pena investir um certo tempo pesquisando o histórico do prestador do serviço, caso contrário, fica-se a mercê da sorte.