Ser MecânicoSer Mecânico: A Uno "sobrenatural"

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Uno "sobrenatural"

Há alguns anos, um colega me chamou à sua oficina para auxiliar em um serviço daqueles que costumam derrubar maior parte dos cabelos de alguns profissionais. Era um serviço do qual o colega definia como "sobrenatural".

Ao me explicar compreendi o porque dessa definição. Tratava-se de uma Uno - 1.0. A reclamação do proprietário era a de que o veículo rateava e não subia mais ladeiras como antes.
Utilizando um scanner automotivo, aquele aparelho bacana, chagava-se a conclusão de que o defeito era o MAP (Manifud Air Pressure) - é o sensor de pressão do coletor. Esse sensor tem como objetivo informar à central eletrônica a pressão do coletor para ajuste do ponto de ignição e do tempo de injeção dos bicos. E o danado do scanner, o acusara de defeito mostrando valores controversos, hora ausência de sinal, hora valores fora da faixa.
Logicamente, ninguém discutiu com o scanner e imediatamente providenciou-se a troca do sensor (o MAP).
Instalado no lugar, o defeito persistiu. E novamente o scanner implica com a peça, mesmo sendo nova.
crédito da imagem: Site
Com o motor em funcionamento, retiramos a mangueira para verificar possíveis obstruções ou vazamentos, e nada de errado. Mas quando retiramos a tomada da peça, o motor visivelmente melhorou a marcha-lenta. Não ficou 100% mas melhorou. Ao conectar a tomada novamente no lugar, o problema voltava. Foi até engraçado quando o colega falou: "Esse carro só pode tá possuído!". E o ajudante gritou: "Êh-êêêh... tá amarrado!".
Só então, pelo desespero já generalizado, resolvemos literalmente "esfaquear" o chicote, para verificar eventuais rompimentos ou curtos, e adivinha? Um dos três fios, estava com um defeito de fabricação. Era um esmagamento do fio, como se em algum momento da linha de produção algo houvesse prensado o mesmo, provocando um enfraquecimento naquele local. E quando colocava-se a peça no lugar logicamente a não havia um fluxo de corrente adequado por conta disso.
O scanner que não tinha nada com isso, só estava fazendo o trabalho dele. Na ausência do sinal, ou com valores fora da faixa, ele só mostrava o que estava vendo. Felizmente não era nada de sobrenatural.
Reparado o tal fio, conferida a continuidade dos outros dois, foi colocar a peça no lugar e o motor funcionou perfeitamente. E só pra matar a curiosidade, a peça antiga (condenada pelo scanner) estava em perfeito estado.
Fica a dica: Um scanner, ou outra ferramenta de diagnóstico automotivo, pode ser da mais alta tecnologia mas nunca vai substituir o olhar perito, a experiência e o raciocínio lógico de um bom profissional treinado adequadamente.

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